📝 Metacritic – Análise e críticas ao ‘Map of the Soul: Persona’

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📝 Metacritic – Análise e críticas ao ‘Map of the Soul: Persona’

The Line of Best Fit (nota 9.5)

Com mais de 3 milhões de álbuns em pré-venda ao redor do mundo, Map of the Soul: Persona do BTS já estava marcado para quebrar os recordes de seu antecessor, a série Love Yourself, antes mesmo de ser lançado. Apesar de ARMYs ao redor do mundo terem se movimentado em massa para comprar no momento da pré-venda, o que definiu o sucesso do álbum em escala global foi, de fato, as músicas que o compõem.

Ao longo do mini-álbum, é possível identificar referências ao passado do BTS e reflexões sobre o quanto cresceram como artistas e pessoas nos últimos anos. “Intro: Persona” começa com a mesma batida de “Intro: Skool Luv Affair” – uma parte da história do grupo muito amada, mas também fortemente criticada pelos próprios ARMYs. Há semelhanças no estilo de hip-hop old school mas tematicamente as músicas não poderiam ser mais diferentes. O líder, Kim Namjoon (RM), pergunta “Quem sou eu?” e reconhece que é uma pergunta que provavelmente nunca terá uma resposta. É um tema que é explorado com maturidade e graciosidade – mesmo quando refletindo sobre os momentos amargos e os comentários injustos que o seguem desde o começo de sua carreira.

A faixa principal do álbum, “Boy With Luv”, também faz uma referência a era de Skool Luv Affair, relembrando o single da época “Boy In Luv,” mas as semelhanças acabam no nome. Em colaboração com a cantora Halsey, o single é uma música pop pronta para o verão, focada na força que pode ser encontrada no amor, e na felicidade presente nos pequenos momentos – um contraste enorme com a música de amor problemática de anos atrás. É um presente aos ARMYs, com quem os meninos frequentemente conversam no Twitter e em outras plataformas de mídia. Quando eles cantam “nada é mais forte / que um menino com amor,” não há dúvidas quanto a quem está dando esse amor – são seus fãs, e sempre foram eles.

Esse tema percorre por grande parte de Map of the Soul: Persona – músicas como “Mikrokosmos” e “HOME” focam no amor e apoio mútuo entre BTS e seus ARMYs. O primeiro faz referência a “Magic Shop,” da trilogia Love Yourself, os versos “você me tem / eu te tenho” fazendo paralelo com os doces versos “me mostre / eu lhe mostrarei” que o grupo parece amar tanto cantar junto com os fãs. “HOME” fala sobre o conforto e a familiaridade que o grupo encontra em seus fãs em qualquer lugar que vão, evidente no verso que o vocalista principal, Park Jimin, canta, “o mundo inteiro é meu lar.” A música expressa a solidão que acompanha a fama – rapper Min Yoongi sugere que “a casa grande, os carros grandes e anéis grandes” que ele expressava querer na música de debut do BTS, “No More Dream” o fazem se sentir mais vazio. Mas o BTS aponta que as pessoas que “me reconheceram mesmo quando eu não tinha nada a mostrar” e o amor que recebem dos ARMYs são o que os fazem se sentir ricos.

Uma pessoa qualquer pode reconhecer a sinceridade dos meninos apenas ouvindo suas vozes nas músicas ou olhando seu perfil no Twitter. Antes do lançamento do álbum, BTS disse ao seus fãs: “vocês nos deram tanto amor, e agora queremos saber mais sobre vocês” – eles não estão se escondendo por trás de uma persona, e o que eles demonstraram é genuíno.

Tradução: Gio Liotti @ BTSBR

Variety (nota 9.0)

Em 2013, o BTS era apenas um boygroup coreano administrado sob uma empresa pequena que quase ninguém havia ouvido falar. Seis anos e uma explosão do K-pop depois, eles são a boyband mais popular do mundo, e foi por isso que fãs ao redor do mundo colocaram seus despertadores (ou nem chegaram a dormir) para acompanhar o lançamento global de “Map of the Soul: Persona”, precisamente às 18h KST (6h BRT).

O álbum de 7 músicas é musical e tematicamente rígido, ainda que as coisas fiquem um pouco turvas em termos de letras. Os fãs do grupo mergulham fundo no significado das músicas — um desafio para muitos, uma vez que a maior parte delas são em coreano — mas o raciocínio por trás do título do álbum, derivado de “O Mapa da Alma de Jung” (em inglês, “Jung’s Map of the Soul”), um estudo do psiquiatra suíço pioneiro Carl Jung, escrito pelo psicanalista Dr. Murray Stein, não é claro. Jung disse que as pessoas herdaram o inconsciente coletivo de seus antepassados e possuem memórias que não sabem. O que isso tem a ver com o BTS?

Bom, em coreano, há um conceito de “jung”, que não possui um paralelo direto em inglês mas descreve uma emoção que encapsula o sentimento de amor e lealdade que as pessoas nutrem umas pelas outras — que, neste caso, os integrantes do BTS sentem uns pelos outros e por seus fãs (chamados ARMY). Esse sentimento é prevalente ao longo de “Map of the Soul: Persona”. Títulos embriagantes como “Mikrokosmos”, “Jamais Vu” e “Dionysus” soam mais como nomes em apostilas de faculdade, mas o ouvinte casual não necessariamente repara nisso em meio à música do grupo, com sons pop polidos e simplificados.

A pop star americana Halsey se junta ao BTS no muito-antecipado single “Boy With Luv”, que o grupo apresentará pela primeira vez ao vivo no “Saturday Night Live” do dia 13 de abril. Em lembrança à música “Boy in Luv”, de 2014, a nova canção desconstrói a então mentalidade adolescente do grupo. O vocal de Halsey captura a vertigem de se estar apaixonado, enquanto a letra adereça o relacionamento do BTS com seus ARMYs: “Estou voando alto no céu com as duas asas que você me deu”, com ‘asas’ referenciando o título do seu segundo álbum de estúdio, “WINGS”. Da mesma maneira, eles demonstram esperança e otimismo na música feita em colaboração com Ed Sheeran, “Make It Right”, com o britânico acrescentando um sabor melódico, sua marca registrada, à balada.

“Intro: Persona” é um showcase sólido para o líder do grupo, RM. Seu flow desliza suavemente entre coreano e inglês. “Quem diabos sou eu?” ele pergunta, mas sua entrega diz que é mais uma pergunta retórica.

Na faixa final, a moderna “Dionysus”, o grupo pergunta: “Vocês estão prontos?”

A resposta veio, na verdade, exatamente às 18h KST do dia 12 de abril de 2019.

Tradução: Nalu Rivera @ BTSBR

New Musical Express / NME (nota 8.0)

8 meses após seu último álbum, o BTS explora a ideia de artista versus idol, incluindo nesse caminho algumas participações de alto escalão – de Halsey a Ed Sheeran – para formar um álbum que continua a elevar o padrão do grupo.

Durante os 8 meses desde o último lançamento do Love Yourself: Answer, uma compilação de 26 faixas que conta com músicas inéditas e faixas dos outros álbuns da trilogia Love Yourself – muito aconteceu para os ícones do K-pop. Eles dominaram os Grammys mesmo tendo apenas apresentado um prêmio, além de dar a impressão de estarem vivendo o melhor dia de suas vidas para o público; lançaram sua primeira música totalmente em inglês em colaboração com Steve Aoki; e acumularam prêmios nas cerimônias mais famosas da Coreia do Sul. Tem também o pequeno detalhe de uma tour em estádios esgotada, que inclui 2 datas no icônico estádio Wembley, em Londres.

Apesar da agenda constantemente lotada, BTS não são de descansar, nem ficam satisfeitos em utilizar do mesmo material para shows dos próximos 2 anos. O mundo do K-pop é um mundo onde grupos têm o costume de lançar vários trabalhos no mesmo ano, e por isso, mesmo com o tempo apertado devido aos compromissos e responsabilidades que vêm com o título de Maior Boyband do Mundo, BTS ainda conseguiu se organizar para lançar mais um álbum. Com apenas 7 músicas, é bem menor do que álbuns lançados ultimamente por artistas ocidentais, mas a lista de músicas reduzida impede perda de tempo e notas nas músicas.

Assim como muitos outros álbuns do Bangtan, Map Of The Soul: Persona percorre por diversos gêneros de forma impressionante e coerente, mas dessa vez o som veio mais confiante do que em qualquer outro trabalho do grupo. O início e final do álbum trazem faixas fortes, com dominância do som Hip-Hop. A primeira música, “Intro: Persona,” faixa solo do líder RM, se baseia em sons de guitarra que, misturados à entrega impecável do rapper, passa a ideia de um “Beastie Boys” moderno e rejuvenescido. Liricamente falando, explora a maneira pela qual somos feitos de diversas versões de nós mesmos, trazendo referências da teoria Junguiana do psíquico humano, o discurso de RM para a ONU (“Eu sonhei em ser um super herói”) e o single de 2018, “IDOL.” A música que mostrou JungKook falando “Existem centenas de mim dentro de mim,” um tema que seu colega de grupo relembra enquanto cita os diversos lados dele mesmo que existem – por exemplo: “O eu que eu quero que eu seja / O eu que as pessoas querem que eu seja.”

No final do álbum, “Dionysus” também traz ideias de “IDOL,” com as primeiras estrofes explorando a nomenclatura de artista versus idol. No verso de SUGA, ele fala em coreano: “Nascido como idol do K-pop e renascido como artista […] Porque importa se sou idol ou artista?” É uma faixa inteligente que, assim como o deus grego do nome da música, celebra uma grande festa (“Até que o sol nasça / Cadê a festa?” é uma parte recorrente da letra, enquanto Jimin, V e JungKook se revezam para cantar o 1o verso do refrão “Beba, beba. beba, beba tudo, meu copo”). Um hino de festa vibrante, também compara o desejo de intoxicação com ser um músico criticamente observado pelo mundo: “Beba tudo (a tormenta da criatividade) / Um gole (a repreensão da sociedade)”.

Como é de se esperar quando se trata de uma banda tão falada e em alta como BTS, estrelas de alto escalão estão fazendo fila para trabalhar com eles. Existem 2 grandes nomes em colaboração para Map Of The Soul: Persona: um melhor que o outro. Halsey, uma amiga de longa data do grupo, aparece em “Boy with Luv,” uma música pop divertida e feita para o verão que traz referências de seu single de 2014, “Boy In Luv.” O poder de estrela da cantora não ofusca o BTS – algumas linhas na ponte e refrão – se misturando de forma natural e perfeita. É viciante e habilmente balanceada, e o single grita “Hit do Verão.”

Porém, “Make It Right” é só… ok. Ed Sheeran pode ter co-escrito a música, ao invés de participar dela de fato, mas seu vocal não precisa estar presente para que se reconheça seu DNA no trabalho. Junto com “Waste It On Me,” a nova música é provavelmente o trabalho mais “ocidentalizado” que BTS já lançou até o presente, mostrando semelhanças com “Shape Of You,” mas sem o ritmo Afropop. Pode ser a faixa mais fraca do álbum, mas temos de concordar que é bem melhor ficar com ela na cabeça do que o antigo hit de Sheeran.

Map Of The Soul: Persona não seria um álbum do BTS sem alguns momentos emocionantes. Esses estão presentes em forma de 2 músicas feitas em colaboração com o duo londrino Arcades: “Mikrokosmos” e “Jamais Vu.” A primeira, escrita em conjunto com o ex-participante do X Factor Ryan Lawrie, é uma linda canção pop eletrônica que é intitulada em homenagem à filosofia grega e o conceito de cada ser humano ser seu próprio mundo. Essa ideia se traduz muito bem no verso tranquilo de RM que, quando traduzido para o português, mostra ele falando “Uma história em uma pessoa / Uma estrela em uma pessoa / Brilhando com 7 bilhões de luzes / 7 bilhões de mundos.” Já a outra faixa, que é apresentada por apenas Jin, J-Hope e JungKook, fala do fenômeno contrário do déjà vu – quando algo familiar e que já aconteceu antes parece ser novo e estranho. Comparando a vida com um jogo de videogame, ela começa com Jin suspirando, “Acho que eu perdi novamente,” antes de um refrão que mostra os dois cantores da unit pedindo: “Por favor me de um remédio / Um remédio que fará meu coração bater novamente.”

Um dos motivos do sucesso arrasador do BTS está em sua conexão profunda com seus fãs, conhecidos como ARMYs. Eles frequentemente incluem músicas dedicadas a seus fãs em seus álbuns (exemplo: “Magic Shop” de Love Yourself: Tear), e esse álbum ão é diferente. “HOME” mistura sons clássicos do R&B com produção moderna, enquanto fala dos fãs como sendo um lugar de refúgio da isolação que vem com ser uma banda mundialmente famosa, ao mesmo tempo que traz à tona os erros presentes na ideia das pessoas de como é a vida deles. “Totalmente triste / parece que o mundo pensa que temos o mundo em nossas mãos,” fala SUGA, antes de relembrar letras de seu primeiro single, “No More Dream”. “As grandes casas, grandes carros e anéis grandes que nós sonhamos / Mesmo se eu conseguir tudo que já sonhei / Eu ainda me sinto sozinho com esse sentimento estranho de quem já conseguiu tudo o que quis.”

Enquanto continuam a quebrar recordes e desafiar as expectativas, a “casa” metafórica (e, convenhamos, suntuosa) do BTS tende a apenas crescer. “Map of the Soul: Persona” é prova concreta disso, e coloca o grupo definindo seu padrão como assustadoramente alto – para si mesmo, colegas de indústria, e até mesmo outros artistas ao redor do globo. Assim como sua história comprova, não será surpresa se eles fizerem isso novamente no próximo álbum.

Tradução: Fer Zloccowick @ BTSBR

N/T: No momento de postagem desse artigo, o Metascore (média das notas de todos os críticos) do álbum era positivo, acumulando 76 pontos e superando “Love Yourself: Tear” que obteve 74 pontos no seu lançamento em 2018. Para conferir a nota atual, clique aqui.

Artigos | por em 14/04/2019
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