As conquistas e impacto cultural do BTS falam muito mais alto que seus críticos racistas

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As conquistas e impacto cultural do BTS falam muito mais alto que seus críticos racistas

O BTS fez um discurso emocionante na 75ª Assembleia Geral da ONU na quarta-feira sobre a atual pandemia de coronavírus. O grupo de pop coreano ofereceu uma concisa, sincera mensagem sobre a necessidade da esperança diante da adversidade.

“O COVID-19 foi além da minha imaginação. A nossa turnê mundial foi completamente cancelada, todos os nossos planos se foram e eu me tornei sozinho,” RM disse. O cantor estimulou os fãs a “sonhar com um futuro em que os nossos mundos vão poder sair quartos pequenos de novo” e implorou “A vida continua. Vamos continuar vivendo.”

“Se tem algo que eu possa fazer, se as nossas vozes darem força para as pessoas, então é isso que nós queremos e vamos continuar fazendo,” JungKook adicionou.

Foi uma mensagem que muitos fãs ao redor do mundo precisavam ouvir, e reenforçou o status do BTS não apenas como os maiores artistas pop do mundo, mas agentes da mudança social positiva. Nem todo mundo se impressionou, entretanto. Anne McElvoy, editora sênior do The Economist, respondeu um tweet sobre a “mensagem de esperança” do BTS com um sóbrio “por favor não,” e recebeu uma rápida reação adversa dos fãs do grupo, chamados de ARMYs. McElvoy mais tarde deletou o seu tweet, dizendo “foi uma brincadeira e eu sinto muito que tenha sido mal-interpretada” — mas não antes que vários outros jornalistas e figuras da mídia tomassem a sua defesa, fazendo comentários mais sarcásticos e discriminatórios sobre o grupo no processo.

Anne Hegerty, integrante do game show The Chase, talvez tenha sido a pior ofensora, tweetando “Tudo isso por causa de uma boybandzinha coreana que fundamentalmente não é importante?” Enquanto isso, a colunista da Lit Media, Frances Weetman, tweetou que “os fãs de K-Pop não deveriam direcionar seus abusos à uma jornalista que trabalha no The Economist simplesmente porque ela fez um comentário desdenhoso sobre os seus ídolos,” provocando uma avalanche de críticas que incluiu inúmeras ameaças de morte e estupro, algumas das quais Weetman tirou prints e retweetou.

Que fique claro: ameaças de morte e estupro nunca são respostas apropriadas à críticas ou comentários insensíveis. Como colega de jornalismo e recebedor de ameaças de mortes por críticas que eu escrevi no passado, eu tenho empatia por Weetman nesse sentido. Mas o que todos Weetman, Hegerty e McElvoy falharam em destacar foram as inúmeras respostas atenciosas dos fãs do BTS explicando o motivo de seus comentários serem prejudiciais, com muitos desses fãs dando exemplos de discriminações que eles próprios enfrentaram nas suas vidas.

Os comentários desses escritores são apenas a ponta do iceberg de comentários racistas e xenófobos direcionados ao BTS ao longo dos últimos anos. Em fevereiro, o funcionário Salvatore Governale do Howard Stern Show alegou que o BTS e sua equipe estavam carregando o coronavírus; quando Stern chamou a atenção de Governale sobre seus comentários racistas, ele disse “essas pessoas estão viajando, eles não são habitantes locais, eles tão viajando de país para país para país. É uma situação perigosa.” Em junho de 2019, os apresentadores Erin Molan e Nick Cody do programa de TV australiano 20 to One fizeram pouco caso se referindo ao BTS como “a maior banda que você nunca ouviu falar” e “o One Direction sul-coreano.” Durante o mesmo seguimento, o comediante Jimmy Carr disse “Quando eu ouvi falar que algo coreano havia explodido na América, eu fiquei preocupado, então eu acho que poderia ter sido pior — mas não tão pior.”

Nesse contexto, é fácil de ver porque os comentários de Weetman, Hegerty e McElvoy irritaram os fãs do BTS e foram percebidos como discriminatórios. Mesmo que alguns deles tenham voltado atrás nas suas afirmações, ou insistindo que estavam apenas brincando, suas desculpas indiferentes soaram vazias e falsas. Esse não é o primeiro dia de ninguém no Twitter, e ignorar o racismo e a xenofobia embutidos em seus comentários seria um ato de ignorância intencional.

Como integrantes profissionais da mídia, Weetman, Hegerty e McElvoy deveriam ter entendido esse contexto e saber que os seus comentários seriam mal recebidos. No entanto, críticos brancos muitas vezes não percebem até que ponto suas observações insensíveis machucam os artistas e fãs não-brancos, pois eles tem o luxo de não ter que pensar frequentemente ou desviar dessas pequenas agressões. E mesmo que eles não tivessem a intenção que os seus comentários sobre o BTS machucassem os fãs, eles não tem o direito de ditar como os fãs devem reagir a eles.

Também implícitos nesses tipos de comentários — particularmente os de Hegerty —  um sexismo e preconceito insidioso. Os críticos frequentemente dispensam as conquistas musicais e culturais do BTS argumentando que a sua base de fãs consiste apenas de adolescentes histéricas que não conseguem fazer decisões informadas sobre música e cultura pop. Essa lógica não é apenas defeituosa — garotas adolescentes são indiscutivelmente o grupo demográfico mais importante entre os formadores de opinião musical — como também é patentemente falsa. Os ARMYs do BTS inclui pessoas de todos os gêneros, idades, raças, etnias, carreiras e status socioeconômicos. Não tem problema não gostar da música de um artista, mas negar o significado cultural de um artista — especialmente um que acabou de dar um discurso na Assembleia Geral da ONU — apenas por não gostar dele é um disparate.

Por qualquer métrica imaginável, é simplesmente impossível negar o impacto cultural global do BTS. O grupo emplacou quatro álbuns nº 1 consecutivos no chart Billboard 200, e acabou de conquistar o seu primeiro nº 1 no Billboard Hot 100 com “Dynamite.” Eles venderam milhares de álbuns ao redor do mundo, lotaram estádios com facilidade e quebraram inúmeros recordes de visualização no YouTube. Eles deram discursos estimulantes sobre amor-próprio e perseverança em palcos globais, e doaram para diversas causas de caridade, incluindo 1 milhão de dólares para o movimento Black Lives Matter e Crew Nation em junho. Longe de ser “a maior banda que você nunca ouviu falar,” o BTS é agora um nome familiar para o mundo. O grupo ainda enfrente comentários racistas e xenófobos de críticos com pouca visão, como demonstrado essa semana — mas ainda assim, o nome do BTS ainda está em suas bocas.

Essa tendência não é nova. Por decadas, os críticos se recusaram a reconhecer certos artistas como fenômenos culturais porque eles não entendiam o seu apelo, e, em vez disso, atacaram esses artistas e seus fãs. Mas esse comportamento está enraizado na insegurança e ignorância. Só porque os críticos não reconhecem o significado cultural de algo, não significa que ele não existe. Nesse ponto, a lista cada vez maior de elogios do BTS fala por si só, e seus fãs apaixonados abafam os seus críticos. Diante de críticas infundadas, os fãs podem se confortar com as palavras de RM na Assembleia Geral da ONU: “A vida continua. Vamos continuar vivendo.”

Fonte: Bryan Rolli @ Forbes

Artigos | por em 26/09/2020
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