Chegou a hora de parar de associar o BTS a todo escândalo que acontece na Coreia do Sul

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Chegou a hora de parar de associar o BTS a todo escândalo que acontece na Coreia do Sul

Está na hora de parar de tratar o BTS como se eles só fossem bons para dar cliques e possivelmente danificar a imagem pública deles no processo ao associar o nome do grupo a outros escândalos na Coreia do Sul.

Recentemente, eu tive o desprazer de acordar com uma amiga ARMY alertando outros fãs a se manterem longe de um artigo que conectava o BTS ao escândalo da boate Burning Sun.

Honestamente, estou tão cansada desse problema que vem acontecendo repetidas vezes, que tive que sentar e escrever um artigo inteiro sobre isso. Eu normalmente me abstenho de comentar questões que podem inadvertidamente atrair mais negatividade ao BTS — muita gente já cuida disso por si só —, mas esse padrão continua se repetindo e eu não posso deixar que essa indecência e racismo permaneça sem controle.

Não irei recontar o escândalo da Burning Sun ou mostrar os escândalos conectados que estão envolvidos porque esse não é o problema que precisa ser tratado. Aqui, vamos explorar o porquê que é incrivelmente ofensivo levantar a questão desse escândalo em específico na presença do BTS. Porque qualquer um que tenha realmente lido sobre o assunto, mesmo que casualmente, sabe que o grupo tem um total de zero envolvimento nele.

Do jeito que as coisas estão agora, a única maneira que alguém pode possivelmente ligar o BTS ao problema, é pelo fato de que eles são da Coreia do Sul e trabalham na indústria do entretenimento. É literalmente só isso. Eles não trabalham com ninguém do escândalo. Eles não são amigos. Eles não são parentes. Nada.

E, ainda assim, há uma lista imensa de veículos midiáticos que continuam falando sobre o escândalo em qualquer artigo que traga o BTS na manchete. Alguns chegaram ao ponto de colocar uma foto de um integrante do grupo em um artigo que focava exclusivamente no escândalo.

Deixe-me fazer uma coisa muito clara: isso é a definição de clickbait. Mas, quando você olha mais de perto, percebe que não é simplesmente uma notícia ordinária que busca cliques de ódio. É xenofobia difusa e óbvia.

Pense desse jeito: sempre tem algum escândalo acontecendo na indústria do entretenimento americano. Todos os dias nós temos artistas e atores que parecem não conseguir ficar fora de problemas. É claro que a imprensa vai falar sobre isso. É completamente esperado.

No entanto, o que eles não fazem é ligar todos os atores brancos aos que estão envolvidos no escândalo, nem outras pessoas que estejam num ramo parecido ou que sejam do mesmo lugar. Imagine o quão ridículo seria ligar a Brie Larson aos recentes crimes cometidos por Lori Loughlin. Consegue ver como as coisas começam a ficar estranhas?

Fazer isso com o BTS não é só imoral, como mostra exatamente o jeito que a imprensa trata people of color* (POC). Não importa quantas pessoas brancas façam algo de errado, elas nunca serão coletivamente julgadas por isso. Você só precisa que alguns POC façam algo de errado e o primeiro instinto da imprensa é, automaticamente, associar todas elas juntas.

O perigo desse jornalismo xenofóbico e meia-boca é que a grande massa tomará essas associações imprecisas com valor nominal. Vamos ser sinceros: muitos americanos médios podem até saber quem o BTS é nessa altura do campeonato, mas eles muito provavelmente não fizeram pesquisas sobre a Coreia do Sul a ponto de entender como a indústria funciona lá ou as diferentes empresas que existem.

Então, se lerem ou passarem os olhos por um artigo que liga o BTS com qualquer outra pessoas envolvida em um escândalo, provavelmente irão conectar os dois. Leitores amam fofocas e eles também amam espalhá-las.

Você deve estar se perguntando, por que a imprensa arriscaria conectar o BTS a algo tão degradante? Bom, existem algumas explicações envolvidas aqui.

Em primeiro lugar, a xenofobia é onipresente e, muitas vezes, inconsciente. Nós nem nos damos conta que estamos reproduzindo estereótipos falsos e antiquados até decidirmos olhar mais de perto. Além disso, em um nível prático, jornalistas geralmente pensam como vão fazer com que um artigo individual tenha sucesso e não sobre o quão prejudicial ele pode ser no total.

Claro, é sabido que os escritores na imprensa de hoje constantemente sentem a pressão de fazer com que seus artigos consigam os cliques que os editores esperam. Mas isso nunca, sob qualquer circunstância, irá desculpar a falta de integridade jornalística, especialmente se você escreve em um veículo muito conhecido e influente. Quanto mais prestigiado for o autor ou a instituição, mais peso a publicação terá em seu público. Isso não é algo que deve ser levado de forma leviana, independente da quantidade de cliques que a sua agência precisa.

É óbvio que não estou sugerindo que a imprensa pare de escrever sobre o que acontece na Coreia do Sul. A perspectiva de um estrangeiro pode ser uma ferramenta importante para potencializar a pressão e jogar luz sobre problemas que estão sendo negligenciados. Mas isso não deve, sob hipótese alguma, ser feito às custas de outros artistas que não fizeram nada de errado só porque a imprensa quer atrair mais pessoas para o que estão publicando.

Se você acha que tudo isso é uma reação exagerada, posso lhe contar que eu tive episódios pessoais onde fui questionada sobre o escândalo. Uma pessoa em particular me perguntou sobre isso porque supôs que um dos integrantes do BTS estava envolvido. E da onde foi que ela recebeu essa informação? De um artigo mal-feito e mal-intencionado.

Isso sem mencionar que esse tipo de coisa pode se voltar contra os fãs também. Muitos ARMYs internacionais já lidam constantemente com preconceitos estranhamente inapropriados: família e amigos que, de forma equivocada, pensam ser esquisito ser fã de um grupo da Coreia do Sul em primeiro lugar.

O que nem o BTS, nem os ARMYs precisam é de outra razão para serem alvo de mais ódio e ignorância.

Novamente, o ponto principal deste artigo não é isentar o BTS de qualquer análise ou crítica. Isso seria ridículo, delirante e nocivo da sua própria maneira. Não; o ponto principal aqui é destacar a difamação despropositada a qual o grupo está sendo submetido e encorajar outros a resistir à tentação de participar.

O BTS não foi ligado ao escândalo da Burning Sun de maneira alguma. Portanto, essas duas linhas nunca deveriam se cruzar.

No final do dia, todos deveriam apreciar o fato de que esses sete jovens cresceram sob os olhares críticos do público por boa parte de suas vidas e merecem o mínimo de respeito por se tornarem adultos responsáveis e admiráveis. Não manchem a reputação que eles trabalharam tão duro para construir, especialmente com associações desnecessárias.

Por último, não trarei nenhum link dos artigos aqui citados porque eles não precisam de mais acessos do que já tem. No entanto, podem ser facilmente encontrados se você quiser procurar por eles.

Vou sim, por outro lado, deixar um link mais importante:

*People of color, abreviado como POC, é um termo em inglês — traduzido literalmente como “pessoas de cor” — usado para designar pessoas não-brancas e de diferentes etnias.

Fonte: Hypable

Artigos | por em 29/04/2019
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