Não é somente um fenômeno: idols que expandem barreiras culturais

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Não é somente um fenômeno: idols que expandem barreiras culturais

O homem tido como o “presidente da cultura” na indústria do entretenimento coreano — Seo Taiji — é reconhecido igualmente por todos, dos seus fãs até pessoas de todas as gerações menos familiarizadas [com o seu trabalho]. Em 2005, um DVD-livro lançado pela Seo Taiji Company, The Shedding Bird, dominou a indústria editorial. O livro estabeleceu um recorde sem precedentes de “o maior faturamento em pré-venda no menor tempo” [já registrado], provocando alvoroço no mercado de livros em declínio, ultrapassando o livro mais vendido até então, O Código Da Vinci. Entre os profissionais de marketing da área editorial, especialmente, foi considerado um feito inédito. Em apenas uma semana, as vendas nas maiores livrarias online, como a Kyobo, acumularam mais de ₩ 100 milhões (cerca de R$ 350 mil) somente durante a pré-venda, o número mais alto desde a abertura dos mercados digitais de livros.

Treze anos mais tarde, o BTS está tendo um impacto parecido na indústria editorial. Na primeira semana de junho, Into the Magic Shop, do Dr. James R. Doty, ficou conhecido como o livro de onde o BTS tirou inspiração para o seu mais recente álbum e, portanto, se tornou o mais vendido no Aladdin, uma livraria online, dois anos depois da sua primeira edição ser publicada. Após um teaser mostrar os integrantes do BTS trocando objetos associados a traumas por outros objetos em uma “loja mágica”, as vendas do livro aumentaram 510 vezes se comparadas às da semana anterior. O livro pode não ser um produto do BTS ou da sua gravadora, mas certamente se beneficiou do “efeito BTS”.

Into the Magic Shop, alegadamente, inspirou os temas do LOVE YOURSELF 轉 ‘Tear’, álbum do BTS que ficou famoso por se tornar o primeiro álbum de um artista coreano a chegar ao primeiro lugar da Billboard 200. O livro vendeu 30 mil cópias após o lançamento do álbum a medida que a notícia se espalhou. No dia em que o BTS recebeu o prêmio de Top Social Artist da Billboard, o autor do livro enviou-lhes uma mensagem dizendo, “obrigado por usarem meu livro como #inspiração.”

A indústria editorial também “surfa na onda” do BTS

Into the Magic Shop não foi o único livro a experienciar o efeito BTS. No seu álbum de 2016, WINGS, o grupo adaptou os temas do livro de Hermann Hesse, Demian, e inseriu a história na narrativa do álbum, o que fez com Demian fosse lido em massa pelos fãs. Ano passado, o BTS recebeu o apelido de “idols literários” quando, no MV de Spring Day, eles fizeram referência ao conto da autora de ficção científica e fantasia Ursula K. Le Guin The Ones Who Walk Away from Omelas. A edição de The Wind’s Twelve Quarters, publicado pela editora Sigongsa em 2014 como uma coleção de contas que inclui The Ones Who Walk Away from Omelas, chegou a sua sexta edição (15 mil cópias) após uma longa pausa em sua segunda edição. Não é segredo que os livros que inspiraram o BTS passaram por diversas republicações cada vez que um álbum novo era lançado.

O BTS continua a acompanhar seus fãs no desenvolvimento mútuo do intelecto, mencionando trabalhos de nomes renomados como Banana Yoshimoto, Elisabeth Kübler-Ross, Júlio Verne e Philip Stanhope, 4º Conde de Chesterfield de forma constante. Os fãs estudam essas obras e fazem conexões com os símbolos presentes nas letras, trailers e MVs do BTS, compartilhando suas análises nas redes sociais. À medida que os livros associados ao BTS são catalogados em listas chamadas “livros recomendados pelo BTS”, o BTS se torna conhecido como um grupo que exemplifica a direção positiva em que eles usam suas posições de influência.

Livros sobre o BTS.

Sobre a influência cultural do BTS, um representante da indústria editorial comentou, “Quando a imaginação literária de um livro encontra as canções e vídeos de músicos, aumenta o significado de cada um desses elementos. Com o trabalho de idols tão influentes, isso resulta em uma tendência de uma nova forma de leitura em que fãs criam as suas próprias versões das histórias.” Na indústria do entretenimento, muitos opinam que o que separa o BTS dos outros, além da grande contribuição de expandir sua fanbase em grupos etários diversos é, de fato, o seu talento artístico distinto em contar histórias.

Juntamente dos livros que inspiraram o BTS a produzir seus trabalhos ganhando popularidade, muitos livros que vêm analisando a história do sucesso do BTS vêm sendo publicados. A pesquisadora de cultura popular, Cha Min-joo, escreveu o livro Filosofando o BTS (BTS를 철학하다), publicado pela editora Bimilshinseo, uma interpretação filosófica da música do BTS com referências a filósofos clássicos como Nietzsche e Heidegger. BTS, Arte Revolucionária (BTS 예술혁명), publicado pela editora Paresia, da Ph.D em filosofia Lee Ji-young; BTS: Bem vindo, primeira vez com Bangtan? (BTS 어서와 방탄은 처음이지), publicado pela Light Pillar Entertainment, escrito por Kim Ja-hyung; DNA Bangtan: O segredo por trás do conteúdo e o poder social do BTS (This Is 방탄 DNA : 방탄소년단 콘텐츠와 소셜 파워의 비밀), publicado pela editora Dogseogwang e escrito pelo jornalista Kim Sung-chul; e BTS e música: Sua música & histórias (BTS 음악 : 그들의 음악 & 에피소드), publicado pela Jjim Communications e escrito por Hong Ki-ja são todos livros publicados neste ano examinando as conquistas do BTS através de diversas perspectivas. O sucesso do BTS sendo estudado por diversas publicações e em diversas maneiras — politicamente, socialmente, culturalmente, etc. — ilustra diretamente o fato de que suas conquistas não são meramente de significância para a indústria do entretenimento mas também de sério valor social como um todo.

A correlação entre BTS e cultura: intercâmbio de influências

O impacto do BTS fora do mercado musical não pára nos livros. Em contrapartida, o BTS é influenciado pela cultura ao seu redor e exerce um tipo diferente de poder ao incorporá-lo em suas músicas. Essencialmente, a sua música e cultura estão formando um circuito de feedbacks positivos.

Alguns entendem a resposta do BTS à controvérsia acerca de letras misóginas, em 2016, como um exemplo. Na época, as letras das músicas War of Hormones e Joke, da mixtape de RM, foram criticadas por representar as mulheres de forma depreciativa.

A gravadora emitiu um comunicado: “Nós estamos cientes acerca e estamos revisando a controvérsia misógina sobre as letras do BTS desde o fim de 2015. Aprendemos que, independente das intenções dos artistas, alguns conteúdos podem ser entendidos como depreciativos para mulheres e podem levar os ouvintes a se sentirem desconfortáveis.”

Pode parecer que a questão dos direitos das mulheres só se tornou um assunto de grande debate recentemente, mas o discurso criou raízes profundas durante muito tempo. Como algumas coisas são culturalmente arraigadas, existem tópicos sem respostas claras e pode ser difícil de determinar o que é certo e o que é errado. O BTS aceitou isso. Eles modificaram a letras em questão para as apresentações ao vivo para que não existisse espaço para mais mal-entendidos. Ademais, após a controvérsia, RM foi além e buscou conselhos de professores de Estudos Feministas e procurou ler literatura feminista. E, na verdade, Breaking Out of the “Man Box”: The Next Generation of Manhood foi visto em uma foto do quarto de RM, que ele postou em uma rede social.

Foto postada por RM.

Idols não só têm forte influência sobre o público em geral, mas também são responsáveis por um importante pilar de cultura pop. Como idols são, efetivamente, produtores de cultura em massa, é importante que suas visões e valores sejam sensatos. É isso que faz a música prudente e gera influências positivas.

Claro que tais letras uma vez escritas, não podem nem ser apagadas da memória da audiência, nem ser defendidas. No entanto, é de excepcional progresso que o BTS tenha aberto seus olhos e ouvidos e aceitado essas ideias culturais, ao invés de simplesmente manterem sua visão de mundo, focando em persuadir seu pública nela.

Desde então, o BTS não teve mais controvérsias do tipo. Eles refletiram em seus erros e fizeram o dever de casa, se esforçando para nunca mais repetir esse erro. O BTS acolhe proativamente o ambiente que os rodeia; em vez de simplesmente deixar uma “concha vazia”, eles fazem músicas cheias de substância. Através dessas músicas, eles expandem a cultura a novas fronteiras.

Fonte; Daum
Trans ko-ptbr; nalu @ btsbr

Artigos | por em 17/07/2018
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