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O grupo de K-Pop BTS possui milhões de fãs ao redor do mundo, ao qual deram o nome de ARMY. No entanto, há algum tempo, fãs negros levantaram questões preocupantes ao afirmarem sofrer abuso, perseguição, racismo em sua pior forma dentro do próprio fandom, cercados de fãs que supostamente dividem a mesma paixão.
As maiores formas de perseguição acontecem na rede social Curious Cat que permite o envio anônimo de mensagens aos seus usuários.
Em abril, um ARMY deu início ao projeto #BlackArmyBeauty em apoio aos fãs negros como resposta às mensagens negativas e racistas que recebem. O projeto teve atenção e apoio de inúmeros ARMYs.
The hashtag we will be using is #blackarmybeauty.
If you want to support our Black Armies please change your profile pictures to this flower. This is a Protea King, it means diversity and courage. The half filter on the flower symbolizes our unity.
Spread Love & Positivity♡ pic.twitter.com/5Bwh8d1lun
— #1 (BB 200) – #10 (BB HOT 100) (@tearlybts) April 27, 2018
O BuzzFeed News falou com diversos fãs negros, que contam que ao tentarem conscientizar outros fãs para que eles fiquem cientes do que está acontecendo, simplesmente são acusados de inventar essas histórias ou que fiquem quietos e não sujem a imagem do grupo publicamente.
Mas eles querem divulgar suas histórias e mostrar os exemplos de racismo sofridos para que a questão da discriminação racial continue a ser debatida dentro do fandom, então aqui vão suas histórias:
if you don’t believe that black armys are targeted then tell me what this is. they fucking white washed me 😭😔 pic.twitter.com/8LEH6Cn9IP
— ً (@epiksugas) May 5, 2018
Jenna disse ao BuzzFeed News que se juntou a um grupo no Twitter para fãs do BTS com o propósito de que eles trabalhassem em suas habilidades sociais e fizessem amigos.
“Nós estávamos enviando selfies, então eu resolvi enviar uma minha”, disse ela. “Mas, algum tempo depois, comecei a me sentir sobrecarregada com tantas pessoas falando ao mesmo tempo, então decidi sair do grupo.”
Depois de ter saído, alguém no grupo editou sua selfie e clareou sua pele. “Dez minutos se passaram e um amigo que estava no grupo me contou por DM que simplesmente haviam me feito branca numa edição da selfie que enviei”.
Wood disse que chorou ao ver a foto e se sentiu horrível. “Ler como os outros me chamavam de ‘rainha branca’ foi tão desrespeitoso”, contou.
“Isso honestamente fez com que eu me sentisse menos que uma pessoa, porque eles fizeram algo tão horrível para alguém como eu, que estava lá apenas para me divertir, mas que fui injustiçada e me tornei um alvo.”
Wood descobriu posteriormente que o chat em grupo foi criado por antis do BTS.
Deja se tornou uma fã do BTS em 2015 e conta que desde então recebe mensagens de ódio de outros ARMYs em anônimo regularmente.
Ela disse: “Eu já fui chamada de ni***, macaco de varanda… As pessoas foram longe o suficiente para me dizer que esperam que eu morra ou seja estuprada. Eu não as respondo, simplesmente apago ou bloqueio a pessoa/IP porque acontece principalmente em anônimo.”
A jovem complementa dizendo que permanece no stan twitter [termo de mídia social para fãs] porque o BTS lhe dá forças para enfrentar momentos difíceis.
“Eles são a razão pelo qual eu ainda estou viva, eu não desisti da minha vida porque eles me deram esperança e uma razão para continuar”, finaliza.
Anjelica, que pediu para ser identificada apenas pelo seu primeiro nome, contou ao BuzzFeed News que estava em uma conversa em grupo onde foi continuamente ridicularizada por se sentir ofendida com o uso indevido da n-word.
“Um deles me disse que os outros não parariam de dizer n**** ao cantar músicas porque é uma citação direta.”
“Eu expliquei a eles como é errado fazer esse tipo de coisa, como isso afeta os negros e eles continuaram dizendo que fariam isso porque são as regras de tradução e citação, que eu estava errada por me sentir ferida com esse tipo de coisa.”
“Depois que parei de responder a eles, fui mencionada novamente e vi que a conta estava me chamando de coisas como ‘não inteligente’, ‘desrespeitoso’ e uma daquelas ‘pessoas'”.
Ela acrescentou: “É sempre pior quando você se envolve/responde ao abuso, porque mais pessoas decidem participar.”
Enquanto recebeu o abuso e foi perseguida por alguns fãs, Anjelica disse que também fez bons amigos. “Eu também continuo no Twitter pelos meus mutuals”, disse ela. “Adoro conversar com as pessoas que conheci através do BTS e fiz grandes amigos pelo quais sou grata.”
Jess está afastada do Twitter por causa de uma experiência traumática que a marcou negativamente, “Os fãs foram muito gentis no início, mas agora não tanto”, disse ela, apontando a função anônima do Curious Cat como um dos motivos.
Ela conta que algumas pessoas disseram à ela que negros não são dignos de serem fãs do BTS.
“Ninguém merece se sentir dessa forma ou receber comentários de ódio e racismo”, disse ela. “Eu não deixei de ser uma ARMY por causa da música e das pessoas que conheci através do BTS. Os meninos também demonstram constantemente seu amor e apreço por nós.”
Jess disse que se desassociou do fandom até que as coisas mudem e as pessoas reconheçam que estão erradas.
Dani conta que quando se tornou uma fã do BTS em 2014, as pessoas no fandom eram bem legais. Ela disse estar ciente de que o Twitter em geral pode ser um ambiente bastante tóxico, mas não havia sido afetada diretamente por ele.
Isso mudou, no entanto, quando ela expressou sua opinião sobre um dos membros do BTS usar tranças e foi dito que ela estava errada em se sentir ofendida.
Dani diz que as coisas pioraram com o aumento da popularidade do Curious Cat. “As pessoas perceberam que esta era uma maneira de serem racistas e não serem pegos”, disse ela. “Eu não acho que alguém já tenha me mandado um tweet racista, mas sempre acontece no meu Curious Cat.”
Ela conta que quando se envolve em questões racistas, essa situação se agrava. “Em determinado momento, decidi que não ia abordar mais este assunto e simplesmente ignorá-lo, mas é difícil quando sou tão cabeça dura e não suporto permanecer em silêncio quando estou sendo atacada.”
Em março, uma pessoa em seu Curious Cat disse que os fãs negros do BTS deveriam ter seu próprio apelido – os fãs coreanos, K-Diamonds, os fãs internacionais, I-Lovelies, já tinham seus próprios.
“Então eu sugeri, Bangtan Babes. Houveram tantos acontecimentos grosseiros e racistas contra nós, que eu pensei em um apelido positivo. Eu adoro e acho super fofo.”
Depois de chegar ao BTS através do Jimin, Nicia disse que decidiu conhecer o grupo melhor e se tornar fã, mas ela quer que o racismo seja combatido ao invés de simplesmente empurrado para debaixo do tapete.
“Ignorar questões como o racismo é o que pode denegrir a imagem do BTS”, acrescentou ela.
Nicia conta que as pessoas dizem a ela para educar os fãs racistas, mas é exaustivo. “‘Eduque-os’ é o ditado do qual estou exausta, eles fazem uma espécie de ginástica rítmica com a minha saúde mental que é irritante.”
A jovem conta que conheceu o BTS em 2016 e que em um primeiro momento, os fãs eram legais. Mas que assim como outros fãs negros, logo começou a ser perseguida no Curious Cat. Além disso, foi acusada de mandar mensagens de ódio para si mesma (para chamar atenção).
Ela disse: “Eu tenho sido chamada de ni*** constantemente em anônimo, desde o início do ano passado.”
“Quando recebi mensagens anônimas de racistas, um ARMY entrou no meu CC e me mandou uma mensagem dizendo como ele não acreditava que eu estivesse recebendo mensagens racistas, não acreditam que estou recebendo mensagens de ódio e que estou fazendo isso apenas para ganhar atenção ou ter alguma relevância.”
“Eu entrei para o fandom no final de novembro, não muito tempo depois que descobri sobre eles”, disse Hannah. “Eu sabia sobre o BTS e o fandom, mas nunca tinha prestado muita atenção até então. Eu os amei desde então. Eu não recebi nenhum comentário anônimo diretamente, mas quando eu me envolvo com essas pessoas, elas geralmente começam a me insultar mesmo que eu tente explicar o porquê do que elas estarem falando ser errado. Uma das minhas mutuals recebeu uma quantidade extrema de ódio por causa de uma opinião que ela compartilhou. O ódio foi tão ruim que ela teve ataques de pânico e ansiedade por conta disso. Ela teve que desativar por conta disso, e eventualmente ela deixou de ser fã.
A única coisa que impede Hannah de não deixar o fandom do BTS é seu amor pelo grupo. “Eles são incrivelmente talentosos e são os únicos idols que eu vejo respeitarem a cultura negra e aprender com seus erros. Seus pedidos de desculpas são genuínos e isso me faz sentir feliz e orgulhosa.”
Para Sonny, o ponto de virada na forma como os fãs interagiam entre si surgiu em 2017, quando os ARMYS começaram uma discussão com o rapper Wale, que foi acusado de usar o BTS por fama.
Desde então, ela recebeu abuso anônimo através do Curious Cat. “Às vezes eu respondo com sarcasmo e palhaçada, mas quando é realmente intenso com ameaças de morte e estupro, ou apenas um monte de coisa de uma vez só eu fico chateada”, disse ela.
Sonny disse que foi aconselhada a ficar quieta sobre o nível de abuso e não fazer o BTS parecer ruim. Ela também disse que fez muitos amigos através do fandom, então há altos e baixos: “Eu não tenho muita felicidade, mas o BTS me faz feliz, e os amigos que fiz também. É como o meu mecanismo de coping e também meu suporte.”
Anna disse que ela nem sempre foi engajada no fandom e só percebeu o quão tóxicos alguns fãs poderiam ser no ano passado. Ela disse: “Quando você começa a interagir com muitos deles, participando de votações e coisas assim, é quando você realmente começa a perceber as coisas.
“Eu já fui chamada da palavra com N em mandarim uma vez, mas eu testemunhei mais abusos do que sofri diretamente.”
Anna disse que seu coração dói quando ela vê fãs mais jovens sendo expostos a abuso racial porque eles estão apenas expressando suas opiniões online.
“Eu respeito o BTS como artistas, então eu não me vejo abandonando-os por terem fãs loucos. Mas eu não me vejo dando apoio se a empresa deles não resolver esse problema. É muito grande, muito real e muito doloroso ser varrido para debaixo do tapete. Eu posso gostar de um artista sem estar envolvido com o seu fandom, com certeza. Eu me tornei fã da sua música por eles, e não pelos fãs.”
Cohns se interessou pelo BTS em 2015 e disse que todos eram extremamente receptivos e simpáticos. Então, depois de fazer uma conta no Curious Cat, o abuso começou.
“Fui chamada de n**** e também me disseram para ir “catar algodão*” (*antigamente os escravos americanos buscavam algodão nas fazendas americanas) e é sempre sempre anônimo. Mas eles sempre me avisam que são ARMYs, pois eles sempre terminam as mensagens com ‘nós não te consideramos ARMY’”
Cohn disse que ela só continuou no fandom pelo BTS. “Sem eles eu não seria capaz de vencer minha depressão, e a música deles sempre me acalma quando estou tendo ataques de ansiedade. Suas atitudes sempre me fazem sorrir e eu simplesmente os amo com todo o meu coração.”
Ahna disse que era fã de One Direction e se interessou pelo BTS em 2017, então ela não ficou surpresa com o nível de comportamento dos fãs a princípio. “Os fãs eram como qualquer outros do Twitter pra mim,” ela disse. Mas com o tempo, ela começou a perceber os fãs mudarem, se tornando racistas.
“Eu vou ser sincera, nunca vivenciei racismo tão intensamente em um fandom quanto eu tenho sendo fã do BTS.” Ela relata que quando desativou a função anônima do Curious Cat, parou de receber mensagens racistas. Ahna disse que ela nunca foi de deixar que os fãs a impedissem de apoiar um artista e seu trabalho. “Ser fã do BTS me permitiu crescer como pessoa e me educar. Eu aprendi muitas coisas sobre discriminação e preconceitos internalizados. Então eu nunca vou me arrepender.”
“Isso não significa que continuarei a me sujeitar aos abusos deles”, acrescentou ela. “Se alguma vez se tornar demais, vou deixar o fandom.”
Kirstin disse que sua primeira experiência com o BTS foi o American Hustle Life, onde os membros voaram para os Estados Unidos e aprenderam sobre hip-hop com Coolio e Warren G. Kirstin disse que foi a primeira vez que ela viu um grupo de K-Pop realmente aprender sobre hip-hop em contato com quem vive e é o hip-hop.
“Conforme o fandom foi crescendo, eu vi e recebi cada vez mais comentários e ataques carregados de racismo,” disse ela. “Eu vi comentários sobre como ‘Oh, o RM não gosta de n*****’, ‘Os meninos não gostam de vocês macacos’, coisas dessa natureza.”
Sempre que ela aborda o racismo é atacada por outros fãs. “Eu lido com o abuso bloqueando a pessoa pela minha própria saúde mental, às vezes, eu preciso me defender e fazer barulho sobre isso porque essas coisas precisam ser abordadas, pois continuam piorando.
Joy, que é fã desde 2015, começou a receber mensagens racistas após fazer uma thread no Twitter sobre o BTS não interagir o suficiente com artistas negros.
“As pessoas vieram no meu Curious Cat anonimamente e me disseram que o BTS não gosta de pessoas negras, e que eles só se importam com coreanos e brancos”, ela disse.
“As pessoas tendem a empurrar a imagem dos ARMYs serem uma grande família multicultural e inclusiva, mas eu simplesmente não entendo como podemos ser inclusivos ou uma família quando as pessoas querem silenciar racismo por algo como a imagem do fandom.”
–
O Buzzfeed News entrou em contato com o Curious Cat e o representante nos respondeu por email:
“Como nós declaramos no Twitter recentemente, nós estamos conscientes do problema e estamos banindo os indivíduos por trás dessas mensagens que chamaram a nossa atenção. Quanto ao que nós estamos fazendo, atualmente estamos projetando e construindo a base para um Curious Cat mais seguro, tanto nos bastidores quanto na linha de frente.
Recentemente estamos experimentando filtros que previnem que postagens prejudiciais cheguem aos usuários antes que eles percebam, mas também vamos implantar configurações de segurança mais intuitivas e úteis, que vão permitir que cada usuário torne sua experiência tão segura quanto é necessário.”
A empresa disse que atualmente existe um recurso de bloqueio, embora seja “longe de ser perfeito”, enquanto os usuários podem bloquear as pessoas de fazerem perguntas anonimamente, ou impedir que pessoas que não possuem uma conta façam perguntas.
Fonte: BuzzFeed News
Tradução e adaptação do texto por Caroline Piazza @ BTSBR
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