As asas do BTS são feitas para voar

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As asas do BTS são feitas para voar

“Pelo BTS, nos tornaremos asas”, SUGA leu as palavras nos banners erguidos unilateralmente por 20 mil pessoas de um lado ao outro da Gocheok Sky Dome, em Seul, Coreia do Sul. Era 18 de fevereiro, o primeiro dia da esgotada Episode III: Wings Tour no seu país natal. Com o show se aproximando do fim, cada membro dirigiu suas últimas palavras ao público, e a voz do rapper ficou fria como o próprio inverno.

“Vocês serão nossas asas? Nós deveríamos ser as suas asas,” sua voz calma ecoou pelo estádio e a audiência parecia se segurar em cada palavra. “Enquanto nos preparávamos para a turnê, assim como vocês, nos preocupamos com como faríamos para fazê-la incrível e agradável para todos. Será que vamos fazer uma boa performance? Sem vocês, não seríamos capazes de fazer nada disso. Obrigado por ser a outra metade do Bangtan.”

Enquanto a voz formal de SUGA era gelada como aço, suas palavras trouxeram calor e conforto para os milhares de fãs ávidos que aguardavam pacientemente pelo show no frio feroz; alguns tendo viajado por províncias, outros, por países.

Sem ter conhecimento prévio sobre K-pop e, além disso, sobre o BTS, você imediatamente pensaria que essas palavras são apenas palavras lisonjeiras de um ídolo para os seus fãs, mas se você observar mais um pouco, verá que o quanto que essa história merece uma leitura atenciosa.

BTS: COMO ABRIRAM AS SUAS ASAS

O BTS, também conhecido como Bangtan Boys, está atualmente colocando do K-pop em um pedestal mais alto a medida que quebram estereótipos, invadindo as paradas globais e fortalecendo o seu reinado em questão de meses. Composto por Rap Monster, SUGA, Jin, J-Hope, Jimin, V e JungKook, o grupo está graciosamente atraindo a atenção das pessoas com o seu jeito próprio de fazer hip-hop, complementado por suas ininterruptas coreografias sincronizadas.

“Bangtan” é uma palavra em coreano que significa “à prova de balas”, o grupo faz por merecer o nome ao criar canções que ecoam as sensibilidades da juventude. Sua música, primariamente, conta histórias através do hip-hop misturado ao dance, R&B, EDM, e muito mais, tudo isso enquanto embalados pelo brilho estonteante e o glamour do K-pop.

Desde que fizeram seu debut em 2013, eles lançaram quatro EPs (O!RUL8,2?, Skool Luv Affair, The Most Beautiful Moment in Life pt. 1 e pt. 2), um álbum compilado (Young Forever), dois álbuns de estúdio (Dark & Wild e WINGS) e um álbum repackage (You Never Walk Alone). Lançado outubro passado, WINGS marca o segundo álbum de estúdio do BTS, destacando faixas solo compostas/produzidas individualmente por cada membro.

WINGS, que vendeu mais de um milhão de cópias mundialmente, deu ao grupo múltiplos reconhecimentos, incluindo o título de álbum mais vendido do Gaon Chart, ganhando Álbum do Ano no Seoul Music Awards de 2017, entrando na UK’s Official Charts em 62º lugar e emplacando a 26ª posição na Billboard 200.

Ao contrário do usual, o BTS não foi privilegiado na indústria do K-pop. O grupo é administrado pela Big Hit Entertainment, uma gravadora de menor escala da Coreia do Sul, mas eles trabalharam duro para chegar onde estão agora. Sua resistência e perseverança, combinado grandiosamente com o seu estilo de criar e performar música, se tornaram os catalisadores do seu sucesso. O envolvimento crescente dos membros na produção dos álbuns e o seu esforço para refinar suas habilidades de modo contínuo permitiram que alcançassem uma maior audiência, não só na Coreia do Sul, mas também ao redor do mundo. Atualmente, eles cresceram para se tornar um dos artistas coreanos mais procurados e criticamente aclamados do mundo.

De distribuir panfletos e pedir a estranhos aleatórias para comparecer ao seu primeiro show nos Estados Unidos em 2014 (como visto no seu reality show American Hustle Life), a esgotar 20 mil lugares em arenas em questão de minutos para The WINGS Tour, o BTS prova que a sua influência é uma força a ser reconhecida. O constante crescimento no número de fãs, conhecidos coletivamente como “ARMY”, são dedicados a ver o sucesso do grupo. As numerosas conquistas atingidas pelo BTS são, em parte, devido aos esforços dos ARMYs, que os impulsionam a ir mais alto ao fazer streaming de seus vídeo e álbuns de forma incansável, em diversas plataformas, e fazendo com que servidores caiam durante campanhas de votações online e compras de ingressos.

WINGS TO FLY, FLY, FLY!

A WINGS Tour é a última parte da trilogia do BTS. Começou com Episode II: The Red Bullet (2014), que chegou à diferentes parte da Ásia, e continuou com Episode I: BTS Begins (2015), que aconteceu exclusivamente em Seul.

Até então, a WINGS Tour já foi a nove cidades do mundo, incluindo Santiago, Chicago, Anaheim, Bangkok, e mais recentemente, Manila. Mesmo nas Filipinas, eles cimentaram a sua fama ao realizar dois shows esgotados na MOA Arena, nos dias 6 e 7 de maio. Um número estimado de 30 mil ARMYs vieram ao show neste fim de semana, criando um burburinho palpável o suficiente para causar histeria coletiva no calor de verão escaldante que devotava Manila.

https://twitter.com/bts_bighit/status/861212561496133632

O show foi, sendo direto, gigantesco, mesmo para os padrões do K-pop. Os designs extravagantes do palco e as performances sofisticadas fizeram par com pirotecnias de alta qualidade e jogos de luzes. Em Seul, os lightsticks oficiais, chamados de  “ARMY Bombs”, tiveram uma função controlada por Bluetooth que sincronizou as cores e as sequências piscantes das luzes. O palco tinha luzes estroboscópicas flutuantes e balões de gás que pairava até os andares mais altos da Gocheok Sky Dome.

A WINGS Tour começou com o Bangtan dando uma dose de faixas hip-hop infusionadas com sintetizadores poderosos, que incluiu “Not Today”, “Silver Spoon” e “Dope”. A reação dos ARMYs foi instantânea, o entusiasmo atingindo até os fundos enquanto curtiam uma música atrás da outra.

Sem dúvida alguma, o destaque de WINGS foi para os palcos solo. Ao fazerem suas próprias contribuições na composição das músicas solo, as performances de cada membros refletiram energias distintas.

JungKook, o membro mais novo e vocalista principal do grupo, tomou o palco com “Begin” para começar as performances solo. Sua canção, uma homenagem aos seus colegas de grupo a quem considera como irmãos, começou como uma balada suave e evoluiu para uma batida e melodia rápidas e com elementos EDM.

Trajando uma blusa larga de seda e uma jaqueta de veludo preta ornamentada com lantejoulas de flores prateadas, Jimin fascinou a todos com o seu número. Sua dança era fluída e sensual, sua voz, graciosa. Como a letra da canção diz, ele é “fluído como uma cobra”*. Conhecido como aquele que atinge as notas mais altas e o dançarino contemporâneo, a performance de Jimin foi visualmente agradável tanto quanto foi uma experiência aural.

“First Love”, de SUGA, foi a mais atmosférica na sua sombriedade. A faixa, cuja ele escreveu e co-produziu, começa de forma solene e evolui de forma constante para um turbulento mas controlado rap rápido, que o deixa quase sem fôlego ao final. Muito como o seu ritmo, a música é uma narrativa de como a música o atraiu durante a infância e continuou erguendo-o de novo e de novo.

A introspecção de Rap Monster com a solidão e insegurança foi capturada muito na performance de “Reflection”. Enquanto subia lentamente um lance de escadas, luzes azuis o faziam parecer que estava embaixo d’água. O efeito foi intensificado pelos riffs de guitarra elétrica na ponte, fazendo da linha “I wish I could love myself” ainda mais poderosa.

Como o vocalista barítono do BTS, à voz de V é frequentemente dada exposição limitada. Sua performance de “Stigma” provou o contrário enquanto ele cantava graciosamente com a melodia de jazz. A letra fala da culpa causada por machucar pessoas, o tipo de culpa que te consome por dentro todos os dias. A canção foi uma forma de pedir perdão, e ele expressou todo o pesar de dentro enquanto alcançava suavemente as notas altas.

J-Hope, o dançarino principal do grupo que é também o rapper rítmico, dominou o palco com a performance jovial de “MAMA”. Sua performance foi, completamente, a mais pessoal de todas as sete: ele cantou em homenagem à mãe, que sacrificou muito para que ele pudesse alcançar o seu sonho de ser um idol. As telas mostraram uma coleção de suas fotos de infância ao fundo, levando a um final dramático que diminuiu as luzes, deixando-o num círculo de luz.

A performance de Jin deixou o público estarrecido com “Awake”. Sua voz tende a ser subjugada nas faixas de estúdio, mas sua performance solo acabou por ser uma das partes mais instigantes da noite. Suas palavras foram acompanhadas por uma orquestra de cordas enquanto ele se apresentava em um palco que se movia, sendo erguido lentamente. No auge, as telas mostraram um par de asas que pareciam sair de suas costas, complementando a letra “Talvez eu não consiga alcançar o céu / Ainda assim, eu quero esticar minha mão / Quero correr mais um pouco”.

Além das músicas solo, o BTS apresentou a faixa pop agitada “Lost” e a agressiva “Cypher 4”. A mistura elementar dos seus hits “FIRE”, “I NEED U”, “No More Dream” e “Blood, Sweat and Tears” também acrescentou mais animação ao palco que já estava em chamas.

Em Manila, Filipinas, os ARMYs preparam projetos que tomaram a arena nos dois dias. Uma vez que a função Bluetooth dos lightsticks não estava disponível neste parada, os fãs pensaram em fazer diferentes tipos de “mar de luzes”, o mais noticiável tendo sido o de “Spring Day”, durante o primeiro dia. As luzes verde menta e rosa pastel, lembrando as cores do álbum You Never Walk Alone, representaram flores florescendo durante a primavera.

Ainda tiveram muitos projetos de banners, parecidos com os que aconteceram em Seul: o que se destacou mais em Manila trazia a letra de abertura de “RUN”. O BTS foi visto segurando os banners na foto do backstage postada em um tweet da sua página oficial.

https://twitter.com/bts_bighit/status/860878095842066432

 

ATÉ ONDE AS ASAS DO BTS SE ESTENDERÃO?

“Como SUGA disse, se não fosse pelo apoio de vocês, nós não seríamos capazes de voar. Sou muito grato pelo seu amor. Nossas vidas sempre têm dificuldades, mas espero que possamos continuar caminhando juntos. Como na nossa música, a primavera sempre chega, então vamos abrir nossas asas juntos e voar em direção [à primavera],” Rap Monster concluiu o primeiro dia da WINGS Tour em Seul com essas palavras. O BTS, então, procedeu para a performance de “2! 3! (Still Hoping for Better Days)”, uma música composta especificamente para os fãs.

A letra, quando traduzida, começa com “Somente coisas boas acontecerão a partir de agora / “Você não irá se machucar” / Eu não posso dizer isso / Não posso mentir desse jeito.” O refrão, que os ARMYs cantaram em uníssono, muda para, “Está tudo bem / Quando eu contar 2, 3, apague todas as memórias tristes / Segure minha mão e sorria.”

É, talvez, esse tipo de conexão que levou o BTS a explodir até onde estão hoje. Eles têm a humildade e a paixão inexorável que faz com que seus fãs acreditem neles com convicção suprema. Para o BTS, a palavra “asas” (“wings”)  tem muitos significados: o álbum que vendeu milhões e quebrou recordes ao redor do mundo, e a turnê mundial que demonstrou o máximo do seu potencial enquanto músicos e artistas. Por último, “asas”, como referem aos seus fãs, ARMYs, quem deram a eles o poder que precisavam para voar mais alto do que nunca.

Não há como dizer em qual capítulo da história do BTS que Wings se encaixa. Por agora, eles estão rompendo barreiras que até mesmo artistas de K-pop contemporâneos ainda estão para explorar. Até onde suas asas se estenderão? Só nos resta esperar para descobrir.


BTS Live Trilogy Episode III: The Wings Tour Repertório:

“Not Today”

“Am I Wrong?”

‘“Silver Spoon”

“Dope”

“Begin” (solo Jungkook)

“Lie” (solo Jimin)

“First Love” (solo Suga)

“Lost” (Jin, Jimin, V e Jungkook)

“Save Me”

“I NEED U”

“Reflection” (solo Rap Monster)

“Stigma” (solo V)

“MAMA” (solo J-Hope)

“Awake” (solo Jin)

“BTS Cypher pt. 4” (Rap Monster, Suga e J-Hope)

“FIRE”

Medley: “N.O.”, “No More Dream”, “Boy in Luv”, “Danger”, “RUN”, “Hormone War”

“21st Century Girl”

“Intro: Boy Meets Evil” (solo J-Hope)

“Blood, Sweat and Tears”

Encore

“Outro: WINGS”

“2! 3!”

“Spring Day”

 

 

N/T: “Smooth like a snake”, trecho da letra de “Lie”.

 

Fonte; Billboard PH
Trans eng-ptbr; nalu @ btsbr

Artigos | por em 24/05/2017
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