BTS se tornam estrelas da música sem se vender – e não planejam mudar sua identidade

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BTS se tornam estrelas da música sem se vender – e não planejam mudar sua identidade

Os gigantes do K-pop tornaram-se um dos maiores grupos do mundo sem terem que mudar – e não acreditam que seus fãs gostariam que eles abandonassem as letras coreanas, mesmo tocando para públicos cada vez maiores.

Claramente, alguns integrantes do BTS estavam mais interessados nos filhotes de cachorro que outros.

Em uma sala de reuniões no quinto andar do elegante hotel InterContinental, no centro de Los Angeles, o jovem septeto que compõe o grupo sul-coreano – RM, SUGA, J-Hope, Jimin, V, Jin e Jungkook, cada um mais lindo e elegantemente vestido que o outro – estava reunido em uma tarde para filmar um vídeo da série “Brincando com filhotes”, do Buzzfeed, onde o entrevistado responde às perguntas enviadas por fãs enquanto ele ou ela… bem, você entendeu.

O líder do grupo, RM, ajoelhou-se rapidamente para pegar um dos filhotes, enquanto J-Hope mostrou sua empolgação cantando o refrão de “Baby”, do Justin Bieber, trocando a letra original por: “Puppy, puppy, puppy / Oh!” (“Filhote, filhote, filhote / Oh!”)

Contudo SUGA, prestando atenção no seu telefone durante a pausa ao final de um longo dia de entrevistas, parecia menos entusiasmado de início – pelo menos até as câmeras do Buzzfeed começarem a gravar.

Felizmente para SUGA e seus companheiros de grupo, seu trabalho está valendo a pena. O último álbum do BTS, Love Yourself: Tear, entrou para a lista da Billboard 200 em primeiro lugar – a primeira vez que isso ocorre com um artista da agitada indústria do K-pop, que conquistou a atenção de muitos ouvintes americanos quando a música “Gangnam Style”, do Psy, estourou no YouTube em 2012.

A apresentação elaboradamente coreografada do grupo no Billboard Music Awards em maio (onde o BTS ganhou o prêmio de Melhor Artista Social pelo segundo ano consecutivo) esteve entre os momentos mais discutidos da premiação nas redes sociais.

E os ingressos para turnê de outono do grupo – incluindo quatro shows esgotados em setembro em Los Angeles – estão sendo vendidos por mais de US$1.000,00 (aproximadamente R$ 3870,00) no mercado secundário.

O BTS se tornou tão popular nos EUA que os jornalistas do InterContinental foram instruídos a não revelar sua localização nas redes sociais como forma de proteção ao grupo, aos próprios jornalistas e aos possíveis fãs que poderiam ir até o local.

O que é mais surpreendente sobre esse sucesso em ascensão é que ele não veio com um preço criativo: o grupo não cedeu com o Love Yourself: Tear, seu terceiro álbum completo desde o surgimento do grupo, em 2013, na altamente industrializada cena do K-pop baseada em Seul.

Cantado em sua maioria em coreano, o álbum enfatiza a produção precisa e ousada que os ouvintes de K-pop esperam, ao saltar do R&B para a club music, passando pelo hip-hop agressivo e pela dramática balada de rap-rock presente no primeiro single do álbum, “Fake Love”, uma música em língua estrangeira que seguiu os passos de “Despacito” rumo ao topo das paradas do Hot 100.

Fãs curiosos – e com o BTS, realmente não há outro tipo – irão descobrir nos créditos presentes no encarte do Love Yourself: Tear que o grupo procurou ajuda de produtores de sucesso dos Estados Unidos como Ali Tamposi, que já escreveu para [Justin] Bieber e Cardi B, e a superestrela Steve Aoki.

Assim como com “Despacito”, a aceitação da música nos EUA parece estar mais relacionada com a ampliação do gosto americano do que com a disposição do BTS em atenuar sua mensagem (mesmo que o grupo agradeça constantemente por essa audiência).

Sentados em torno de uma mesa grande após os filhotes terem sido levados embora, os integrantes foram rápidos em reconhecer a influência que boybands americanas, como os Backstreet Boys, tiveram nas músicas cativantes do grupo sobre romances e corações partidos.

Agora, porém, eles se veem “devolvendo” seu som próprio, como RM colocou através de um intérprete, “para o resto do mundo, de onde nós inicialmente tiramos muito da nossa inspiração”.

Quando perguntado se alguma vez se sentiram pressionados a cantar em inglês, SUGA disse que ele havia tentando em uma mixtape solo recente e descobriu que era um “canal melhor” para “certas emoções ou sensibilidades”.

No entanto RM, que alterna a conversa entre o inglês e o coreano, disse suspeitar que a maioria dos fãs do BTS “não gostará muito se nós cantarmos em outras línguas”. As letras coreanas, acrescenta, são uma característica central na música do grupo, que seus fãs dedicados, por sua vez, “tomaram como parte de sua identidade”.

Você tem a sensação de estar sentado em uma sala com o BTS – sem mencionar seus mais de doze empresários – de quão cuidadosamente o grupo gerencia essa conexão com seus fãs.

Enquanto os integrantes falavam, diversas pessoas com câmeras circulavam, aparentemente documentando a entrevista para um potencial conteúdo futuro; uma outra mulher parecia estar transcrevendo tudo que o grupo dizia, talvez para o caso de alguém dizer algo que seja interessante repassar aos 15 milhões de seguidores do grupo no twitter.

Tal engajamento digital é necessário, obviamente, para um artista que ainda não atingiu muito sucesso nas rádios dos EUA.

Mas essa movimentação também está de acordo com a cena super-estratégica do K-pop que, em geral, pode fazer com que a indústria da música americana fique desnorteada.

Quando perguntados se o fato do BTS estar tocando para um público maior dessa vez teria afetado o design do novo álbum, os integrantes assentiram, aparentemente reconhecendo a ideia que o Love Yourself: Tear seria o álbum de apresentação do grupo para muitos novos ouvintes.

Ainda assim, “nós queremos nos mostrar através de nossos diferenciais” Jungkook disse através do intérprete. “Existem muitas coisas que nós queremos mostrar às pessoas, e se você tentar mostrar tudo sobre nós em um único álbum, será um fardo para nós – e é muita coisa para as pessoas lidarem e aceitarem”

RM disse que queria que o álbum refletisse “a nossa atual condição – como nos sentimos agora – porque, você sabe, as coisas realmente mudaram desde 2013”

“Isso parece uma eternidade atrás?”

Todos responderam que sim ao mesmo tempo, embora Jin tenha dito que não se esqueceu de nada dos primeiros dias do grupo, quando eles moravam juntos em uma casa – “um quarto, praticamente” – e comiam a mesma comida todos os dias “porque não tínhamos dinheiro nenhum naquela época”.

As coisas estão definitivamente melhores agora, todos concordaram, mesmo que seus dias estejam cada vez mais cheios de encontros com pessoas que querem um pedaço do BTS.

A interminável época de promoções pode ser cansativa, RM admitiu, “Mas eu acho que o fato de estarmos fazendo nossos fãs felizes diminui boa parte do cansaço que sentimos”.

Os fãs “fizeram tudo isso possível”, ele continuou. “Quando as pessoas se esquecem disso, tudo acaba”.

 

Fonte: South China Morning Post
Trans eng-ptbr; Jojo Viola @ btsbr

Artigos | por em 10/07/2018
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