Crítica: Dissecando o comeback do BTS

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Crítica: Dissecando o comeback do BTS

“Há algo realmente interessante entre as línguas coreana e inglesa. Você sabe que Love [amor] e live [viver] têm sonoridades muito parecidas,” RM, líder do grupo sul-coreano BTS, disse durante uma entrevista de rádio. “Em coreano, amor é ‘sarang’, e pessoas, ‘saram’. Amor, vida e pessoas, são a mesma palavra.”

No mesmo fôlego, o terceiro álbum de estúdio do grupo Love Yourself: Tear parece como uma passagem aberta para o autoconhecimento: é preciso tirar a máscara e aceitar as vulnerabilidades para que se possa amar e viver.

O amor é um espectro — assim como Tear [lágrima; rompimento/desmembramento]. Cada uma das 11 músicas presentes no álbum possui um som e mensagem únicos, mas o tema profundo sobre dor e separação serve como conexão, abrangendo todas as muitas faces do amor.

Quebrar gêneros musicais enquanto se desmembra a noção de amor ideal e destinado, que o próprio grupo abordou em seu último trabalho, não é um feito simples. Nas primeiras três músicas de Tear, o BTS se distancia da cósmica “Serendipity” de Love Yourself: Her e adentra num buraco negro de solidão e decepção. A vibe neo-soul da música de abertura “Intro: Singularity” estabelece o tom obscuro de todo o álbum (“Eu me perdi, ou eu ganhei você?”). O tom melancólico segue presente também na música-principal, “Fake Love”. As batidas de hip-hop da música misturadas aos sons típicos do rock grunge certamente não são elementos vindos de um conto de fadas.

Mas talvez a maior surpresa do álbum seja “The Truth Untold”, uma balada de piano co-produzida por Steve Aoki. Com um silêncio presente que revela as forças individuais dos vocalistas (Jin, Jimin, Taehyung e JungKook), a música é uma construção lenta de sentimentos, onde cada linha é como uma página lida de um diário. Suas imagens são penetrantes: “Cheio de solidão/ Este jardim floresceu/ Cheio de espinhos/ Eu não posso te mostrar um lado tão fraco de mim mesmo/ Mais uma vez coloco essa máscara e vou a seu encontro.”

Na maioria das vezes, as músicas focam em espectros do amor que o BTS quer fugir. Revelar o lado obscuro do amor é um processo, e RM coloca sucintamente: “Se você não se manter fiel a si mesmo, o amor não irá durar.”

As músicas “134340” e “Outro: Tear” tratam do tema de desapego de maneiras opostas. A primeira, uma música com elementos de jazz e soul, faz referência ao ex-planeta Plutão, é sensual e graciosa (“Eu ainda giro em torno de você sem um nome”) e é como um poema muito pessoal e leve. “Outro: Tear”, entretanto, é uma reminiscência de suas músicas “Cypher” — os responsáveis pelo rap (RM, J-Hope e SUGA) usam abrem seus corações e expõem seus sentimentos, medos e deixam-os todos ao alcance.

Nos álbuns passados, o BTS enfatizou a importância do amor próprio. “Amar a si mesmo é o mais difícil,” reflete o grupo. Mas nesse álbum, o BTS vem preparado para enfrentar suas imperfeições. Em músicas animadas como “Anpanman” e “So What”, os meninos de raízes humildes destroem o idealismo e aceitam a efemeridade do próprio sucesso. Esse nível de autoconhecimento faz com que eles aproveitem a jornada ainda mais, como é evidenciado na música com grande presença do pop latino, “Airplane pt.2”: “Mesmo céu, mesma cicatriz, mesmo trabalho/ Todos os dias acima das nuvens.”

BTS também voltou à suas raízes do R&B contemporâneo com “Paradise” e “Love Maze”. Mas diferentemente de suas antigas músicas “Like” e “Miss Right”, o grupo trocou afetos imaturos por um incerto mas maduro tipo de amor. “Paradise” é encorajadora (“Está tudo bem em parar/ Não há razões para correr sem saber nem ao menos a razão”); enquanto “Love Maze” é reconfortante (“Eu nunca estive em um amor calculado/ Eu sei que será frio como o inverno/ Deixe eles serem eles/ Deixe nós sermos nós.”)

Mas quando tudo é dito e feito e o BTS tira suas máscaras para mostrar quem eles são para seus ouvintes, vem “Magic Shop”, produzida pelo vocalista principal e integrante mais novo JungKook, uma perfeita música autorreflexiva. Nessa música dedicada ao ARMY, o maknae de ouro captura a beleza de achar sua estrela-guia num universo de confusões: “Nos dias em que me odeio por ser eu, em dias que quero desaparecer para sempre/ Vamos fazer uma porta/ Está em seu coração/ Abra a porta e este lugar estará te esperando.” Esse amor próprio é a verdadeira magia do BTS.

 

Fonte: Inquirer
Trans eng-ptbr; Bia Rehm @ BTSBR

Notícias | por em 28/05/2018
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