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Chegar ao topo das tabelas de musicais coreanas demanda muito mais que sangue, suor e lágrimas – e ainda muito mais para ir além delas. Poucos grupos conhecem tal esforço como o BTS, o jovem septeto que detém a melhor colocação Billboard 200 e que já está em sua terceira semana na HOT 100 sendo os primeiros do gênero a conseguir tal fato simultaneamente. O sucesso deles marca um passo acima na longa campanha da indústria pop coreana, e na indústria de entretenimento coreana como um todo, cultivando uma robusta base de fãs muito além das fronteiras da Coréia do Sul. Mas até onde, observadores do k-pop tem se perguntado, pode esta glamurosa, visualmente rica e agressivamente jovem indústria musical realmente ir?
Durante o século XXI a coreia intensivamente treinou (e ainda mais intensivamente preparou) esquadrões de grupos femininos e masculinos que podem parecer indistinguíveis, mas o BTS encontrou aos poucos uma forma de se destacar dentre os demais desde seu debut em 2013. Como todo grande artista pop, eles foram estudados pela oligarquia do talento do país, especificamente como um produto originado da Big Hit Entertainment, empresa gerenciada por Bang Si-hyuk, ex-parceiro executivo de JYP (conhecido por seu olho para grandes talentos e nomes da cultura pop sul-coreana). Antes de participarem ativamente do processo de seleção da empresa, dois dos integrantes estavam em escolas voltadas para artes e outros dois eram nomes do rap underground; em algum ponto o grupo ganhou participação ativa na escrita, composição e produção de suas músicas, uma prática não usual no meio altamente especializado e rigoroso do k-pop, e está foi exatamente uma das razões de seu rápido e sem dimensões sucesso.
Certamente nenhum outro boy group de qualquer nacionalidade colocou no topo das tabelas uma música inspirada pelo ganhador de um prêmio Nobel o novelista alemão Hermann Hesse. Como os integrantes do grupo revelaram ano passado, “Blood Sweat & Tears” contém um elaborado clipe onde está presente passagens do romance de Hermann, Demian, uma história conhecida mundialmente e amada por diversas gerações. As palavras são recitadas por Kim Namjoon, conhecido como RM, líder do grupo e conhecido pelo seu nível intelectual e pela sua altíssima nota de QI nos exames de entrada para universidades sul-coreanas – uma marca extremamente valorizada em uma sociedade obcecada por rankings – se tornou fluente em inglês de forma autodidata e com conhecimento de japonês assim como todos os outros integrantes do grupo que também estudaram a língua durante seus anos como trainees.
O treinamento japonês requerido do BTS – que já possui dois álbuns na língua japonesa – reflete o que os produtores do gênero insistem em desenvolver em seus grupos como um apelo internacional inicial. Japão é um mercado alvo não só por ser o terceiro maior mercado musical do mundo e onde uma cópia física é equivalente à aproximadamente R$75,00, mas porque lá os rançosos odiadores do gênero são facilmente superados em número pelos adoradores. Nos últimos anos, os grupos não tem apenas importado línguas de países vizinhos asiáticos, mas também seus artistas. Há casos como o do grupo EXO onde originalmente quatro de seus integrantes eram chineses, e mais recentemente BLACKPINK onde a dançarina principal do grupo é tailandesa.
O k-pop parece provar que nenhum artista pode se tornar plenamente global sem o inglês. Impulsionada por uma economia baseada em exportação desde sua industrialização, a Coréia do Sul, considera o inglês como uma condição básica para atingir grande sucesso em qualquer setor. Consequentemente, é o país que tem o maior gasto em educação de língua inglesa, embora nem sempre com resultados impressionantes. A chamada “Onda Coreana” que vai desde música pop, passando por dramas de televisão e chegando em comidas até agora foi levada com mais intensidade sobre países asiáticos mais pobres como o Vietnã e Filipinas.
Se o resto do mundo vai abraçar tal onda é uma pergunta ainda sem resposta, mas com uma grande potencial positivo. O k-pop passou por numerosas estratégias de apelo ao mercado ocidental, sendo os mais recentes adicionar aos grupos artistas nascidos e criados em ambiente nativos de língua inglesa, com descendências coreanas claro. BTS quebra essa regra porém, não apenas a de um integrante nascido fora da Coréia do Sul mas também pela falta de músicas em inglês. “DNA”, música que já passa sua terceira semana no HOT 100 é escrita praticamente inteira em coreano, assim como grande parte do material da discografia do grupo num geral.
“Quando eles lançavam coisas novas pareciam fazer mais sucesso fora da Coréia,” disse Mark Russell, autor de livro sobre o gênero. “Era um pouco incomum. Eles não tinham uma música que realmente se tornava um hit nacional, mas tinha algo neles que atraia atenção das pessoas – estilo, boas produções e aquela misteriosa qualidade de estrelas?” Logo após sinais que o grupo crescia nacionalmente eram claramente visíveis: “Comecei a notar que a música deles tocava em todos os lugares, achava ‘BTS’ em grafites por parques ao redor de Seoul” diz Russell. As influências do grupo são bem ocidentais, com o hip-hop e batidas eletrônicas sendo os sons mais presentes, o septeto também colaborou com diversos artistas ocidentais como Andrew Taggart, Warren G e recentemente Steve Aoki que anunciou estar trabalhando em um remix com o grupo.
Mais do que nunca, ser considerado bem sucedido para a cultura coreana requer ter um apelo internacional relevante, e após a vitória histórica do BTS no Billboard Music Awards o grupo tem se mantido presente no top 3 de marcas mais bem sucedidas da indústria no país.
Em tempos de produção de música cada vez mais sem fronteiras, bem como seus fãs, pode-se questionar a relevância de artistas no topo de tabelas que não são capazes de encher salas de shows, porém o BTS já provou lotar arenas para mais de 18 mil pessoas pelos EUA.
Ninguém pode dizer quais arenas e estádios eles irão encher de aqui em diante, assim como ninguém poderia prever o sucesso astronômico de “Gangnam Style” fora das fronteiras sul-coreanas.
Fonte: The Record
Trans eng-ptbr; Bia Rehm @ btsbr
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