Como o BTS reinventou as boybands

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Como o BTS reinventou as boybands

A reinvenção da boyband.

Toda geração tem a sua. Fez festa de debutante nos anos 80? Você provavelmente dançou ao som “I’ll Be Loving You (Forever)”, do New Kids on the Block. Era adolescente nos anos 90? Para você, existiam dois tipos de pessoas: fãs de N’SYNC e fãs do Backstreet Boys. Estava em algum lugar perto de um rádio em 2011? One Direction nos disse o que nos faz bonitas, e as campanhas da Gucci nunca mais foram as mesmas.

É, um monte de carinhas atraentes fazendo harmonias doces tem sido uma tendência musical desde que grupos como The Beatles e Jackson 5 chegaram ao topo das paradas. Os últimos a balançar nossos corações? BTS. Composto por sete galãs com menos de 26 anos, o grupo sul-coreano se tornou um sucesso global mais rápido do que você gastando toda a sua mesada na Pakalolo antigamente. É o primeiro grupo de K-Pop (um gênero musical caracterizado pela junção de R&B, hip-hop e pop, cantado em coreano, em sua maioria, com algumas poucas partes em inglês) a ganhar um Billboard Award, se apresentar no American Music Awards, ter um álbum de ouro e outro chegando ao primeiro lugar na Billboard. O vídeo para a música “FAKE LOVE” conquistou 35,9 milhões de visualizações no YouTube em 24 horas, e o terceiro álbum do grupo, Love Yourself 轉 ‘Tear’, chegou ao primeiro lugar do iTunes em 73 países quando foi lançado em maio passado. O grupo também está recebendo muita atenção da imprensa — eles foram capa do especial “Next Generation Leaders” da revista Time e apareceram em diversos programas de entrevistas nos Estados Unidos, como o Good Morning America e o The Tonight Show.

Como que o BTS conseguiu liderar a quarta onda de boy bands modernas sozinhos? A resposta objetiva é: internet. Como explicado por Georgina Gregory, especialista em cultura pop e autora dos livros A Million Love Songs: Boy Bands e Performance of Pop Masculinity, o sucesso das boy bands — e a maneira como são promovidas — tendem a refletir a época em que são formadas. “Antes do processamento vocal e vídeo clipes, rapazes eram recrutados por sua habilidade vocal,” ela diz. “Desde o surgimento da música na TV, há mais ênfase em ser bonito e capaz de dançar [pense Beach Boys vs. Backstreet Boys]. Onde boy bands como Backstreet Boys usavam, principalmente, revistas adolescentes, rádio, TV e apresentações ao vivo para se conectar com os fãs, as boy bands de hoje usam plataformas de compartilhamento e redes sociais para promover sua identidade visual e divulgar suas músicas.”

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O BTS, em particular, transformou as redes sociais em uma forma de arte. ELes foram o primeiro grupo de K-Pop a criar um Twitter pessoal em 2012 e, ao fazê-lo, conquistaram uma base de fãs e seguidores mundial e apaixonada, conhecida coletivamente como “BTS ARMY”. Eles até mesmo conquistaram um lugar no Guinness World Records pelo maior número de retweets para um grupo musical (152.112, se você estiver se perguntando) e constantemente atualizam os fãs através da conta. É como uma fonte de apoio para os fãs — e uma ferramenta brilhante para construir uma “marca”. Porque, vamos ser sinceros, boy bands sempre foram um negócio lucrativo, tanto para a estrelas quanto para os magos-por-trás-das-cortinas que essencialmente caçam talentos jovens e atraentes para vendê-los como produtos musicais. Veja: o 1D, formado pelo The X-Factor; N’SYNC e Backstreet Boys, ambos formados pelo problemático Lou Pearlman; e New Kids on the Block e New Edition, as crianças do gênio da música Maurice Starr.

O BTS não é exceção: eles são produto de uma pequena empresa de entretenimento e, sim, são um grupo “manufaturado” no sentido que os garotos foram recrutados através de audições entre 2010 e 2011 e treinados para o estrelato. São rapazes convencionalmente atraentes, educados e queridos. Mas Michelle Cho, professora assistente de Estudos Leste-Asiáticos na Universidade McGill, no Canadá, que atualmente estuda o grupo, diz que a parte ignorada do sucesso do BTS — e o que faz desse sucesso diferente daquele de boy bands anteriores — é a única coisa que ainda não discutimos: a música. Antes do BTS, se você ouvisse uma música de boy band, é como se ouvisse todas elas. Os estilos musicais mudaram ao longo dos anos, mas o assunto principal abordado pelas boy bands, não. “I’ll Make Love to you”, do Boyz II Men, poderia (em termos de letra, já que ninguém nunca será capaz de replicar o doce tom de Wanya Morris) ser a música de qualquer boy band ao longo das décadas.

Os integrantes do BTS, por outro lado, frequentemente escrevem suas próprias letras e músicas — e, às vezes, as coisas ficam pesadas. “Eles estão escrevendo sobre, abre aspas, ‘as dificuldades da juventude,’” explica Cho. “Eles abordam uma geração pós-recessão e dizem muito sobre como é difícil se estabelecer ou se mover no mundo como adulto quando você não consegue encontrar um emprego.” Eles também já falaram sobre a necessidade de sermos mais abertos sobre as dificuldades da saúde mental. Não é a típica bobagem de boy bands, e não é a única maneira que estão reescrevendo a narrativa. “Eles nutrem afeto uns pelos outros, o que é algo que não se vê homens fazerem com frequência na cultura pop,” diz Cho, que pensa que a demonstração de amizades íntimas entre homens atrai muitos fãs, sendo visto como homoerótico ou não. “É o oposto dessa masculinidade tóxica que encontramos em muitos espaços online.”

Isso é algo que chama a atenção de Leo Tapel, jovem de Toronto e membro devoto da BTS ARMY. Tapel também aprecia as decisões do grupo em fazer suas músicas neutras em termos de gênero. “Me dá — como alguém que faz parte da comunidade LGBTQ+ — um senso de pertencimento,” ele diz, acrescentando que até o jeito que o grupo se veste é subversivo. “Você já viu a maquiagem, chokers e brincos que eles usam? É tudo sobre quebrar estereótipos de gênero e redefinir masculinidade.”

Tudo isso leva à pergunta: o que a próxima década de boy bands nos trará? Quando a quinta onda chegar (e esperamos que o BTS não esteja aposentado até lá), temos esperança de que as mudanças trazidas por eles — inclusão, vulnerabilidade — não serão mais novidade. Uma coisa que não mudou desde os tempos antigos das boy bands? Os ingressos para os shows do BTS este ano se esgotaram quase instantaneamente…e você é o únicos dois seus amigos que não vai, exatamente como com o New Kids on the Block em 1990.

Fonte: Elle Canada
Trans eng-ptbr; nalu @ btsbr

Artigos | por em 29/12/2018
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